Centro de São Paulo, Praça da Sé, marco Zero da maior cidade Brasileira, e?
- Centro de São Paulo
Não suporto o centro de São Paulo, respeito todas as opiniões em contrário, mas acho horrível, porém é muito divertido.
O centro, como o próprio nome diz, é o centro da compilação de tudo que pode existir, até do pior, como o descaso do Estado, a bagunça a sujeira, o trânsito, o contraste dos engravatados com os largados em uma manta sob algumas marquises, ou seja, é um local ótimo para pesquisadores, há um imenso campo de variedades, mas não gosto.
Infelizmente, preciso ir com freqüência ao centro, então passei a ver as coisas com outros olhos e me divertir, as situações são inusitadas e cômicas.
Para os gordos, aí está o local que é necessário fazer exercício, não há como utilizar carros ou outro meio de transporte para realizar algumas tarefas, o transito é proibido e você é obrigado a andar, não há alternativa.
Caminhar pelo centro fortalece os músculos e aumenta o fôlego. É um local que você precisa estar em alerta constante, afinal é perigoso, infelizmente, ainda existem os batedores de carteiras, tumultos, etc…, o risco físico, também, existe, pois as ruas e calçadas foram planejadas para tratores, não para pés humanos, buracos e pisos escorregadios me faz sentir como um alpinista subindo o Everest ou um artista de circo na corda bamba; é só você vacilar que o chão está pronto para receber mais um paulistano.
- Plantas Milagrosas
Mas a diversão é garantida, caminhar pela Praça da Sé, evidencia o quão importante é a liberdade religiosa (isso to falando sério), em um espaço do tamanho de um campo de futebol (tamanho médio da praça), há territórios que são marcados em forma de quadrados por pessoas (não sei se o nome seria pastor) com a Bíblia nas mãos, essas pessoas ficam no meio, muitas vezes aos gritos, e em sua volta fies vão se formando e compartilhando do entendimento; esse tipo de território se repete por umas 4 ou 5 vezes, ou seja, há na mesma Praça e no mesmo horário 4 ou 5 “cultos” diferentes, cada um com seus fies convivendo pacificamente, um contraste da fé, o que é ótimo, pois a fé de cada um deve ser respeitada.
Não posso negar, quando vou ao centro penso no ditado que diz “já que está no inferno, abraça o capeta”, isso faz com que, muitas vezes, pare pra ver os Shows que há na praça, são mágicos, cuspidores de fogo, artistas com seus instrumentos (caixa de som e gerador) e vendedores ambulantes, com os mais variados tipos de produtos; já até comprei um boneco que pulava quando colocado perto de uma caixa de som, lógico que durou menos de duas músicas, mas foi divertido, e se alguém quer um produto bom a Praça da Sé não é o melhor shopping.
Quem sofre de problema de ereção (ainda bem que não tenho isso), precisa conhecer o local, há os vendedores de plantas medicinais milagrosas, e 85% serve para curar esse problema, é engraçadíssimo, todos os produtos são embalados e com um preço camarada.
E comer no centro? Nossa, é a maior diversão do Mundo, há os mais variados produtos, desde pessoas com caixa de isopor vendendo Mocotó até restaurantes conhecidos e caros, mas grande destaque para duas pérolas. A JACA e o Churrasquinho Grego.
Churrasquinho Grego
Churrasquinho Grego, pra quem não sabe, é um conjunto de carne (ao menos parece isso), colocada aleatoriamente em um espeto, junto com bacon, cebola e outros temperos sigilosos, que fica rodando desde umas oito da manha até acabar, em um espeto localizado em um carrinho; o cheiro é hipnotizante, mas comer aquilo……. Ainda não tive coragem, talvez se nunca tivesse visto a arte do preparo, até iria encarar, e não adianta tentar fazer em casa ou comer em algum restaurante que faça isso, o odor exarado do carrinho não é igual, é como pastel de feira, mesmo comprando a massa nunca conseguimos fazer igual, talvez seja o óleo, é necessário usar dias e dias.
O churrasquinho é devorado por inúmeras pessoas, de todas as classes sócias, já vi roda de engravatados comendo, portanto não é algo exclusivamente popular, mas acho que é necessário um estomago de avestruz, os efeitos devem ser absurdamente mágicos, até porque o churrasquinho grego, que é servido em um pão frânces, vem com um copo de suco, àqueles “naturais” (kkkkk), a cor do suco até brilha de tão natural, parece àquelas canetinhas marca texto, mas não posso negar, é algo que mexe com a minha imaginação e já me fez salivar por várias ocasiões, mas nunca tive coragem.
Agora não posso negar, tem o tiozinho que vende JACA, adoro JACA; tinha medo, afinal quando criança assistia o Sítio do Pica Pau Amarelo, e uma vez a Jaca caiu na cabeça do Visconde de Sabugosa, que ficou minúsculo; na vida real se isso ocorrer ela mata o cidadão, a JACA é uma fruta monstruosa e pesada, parece uma fruta do conde com IMC de 60 (kkkkk). A cor é bonita e com cheiro adocicado.
Fabulosa Jaca
Próximo ao Fórum João Mendes, há um tiozinho que venda a dita cuja, sua linha de produção (feita ao ar livre) oferece o gomo da Jaca já embalada naquelas bandejas de isopor e com papel que é usado em frios, a bandeja custa R$ 1,00, isso mesmo, R$ 1,00, e contém de 10 a 15 gomos, já adquiri o produto algumas vezes, levo pra casa, coloco na geladeira e aproveito.
Quem nunca comeu, a sensação é a seguinte, cada caroço é o equivalente a 10 chicletes babaloo, você coloca o bicho na boca e fica ruminando por vários minutos, acredite se quiser, comer mais do que dois caroços é um suicídio, além de um esforço impar para o maxilar, fazendo isso todo dia, além de uma fabulosa diarréia, você ficará com uma mandíbula mais poderosa do que qualquer tubarão branco.
Uma vez, cheguei no Centro, infelizmente, por volta das 9:00hs, acabei minhas coisas por volta das 16:00hs, fiquei sem almoçar e retornando comprei uma bandeja de Jaca. No caminho, a Avenida 23 de Maio estava parada, o cheiro adocicado da Jaca dominou meu cérebro e peguei um caroço, qualquer pessoa que me visse iria pensar “o retardado vai engasgar, colocou 10 chicletes na boca”, com o transito parado, o trajeto que normalmente levo 25 minutos, já estava com mais de uma hora e eu nem na metade do caminho, resolvi saborear mais um caroço no transito; confesso uma atitude horrível, joguei o caroço na avenida, pois não tinha como guardar no carro um bagulho que parece uma bola de golf; poucos segundos depois do término do 2º caroço, já com o transito bem melhor, comecei a sentir o efeito estomacal da minha proeza, como conseqüência abortei a missão e fui para casa; ainda bem que já não tinha mais transito.
Outra coisa boa que há no Centro, são as lojas distribuidoras de balas, pena que nem lá existe a minha bala Chita, mas é um bom local para fazer o estoque da dispensa e o preço é absurdamente menor.
Finalizo, registrando que já comecei os preparativos psicológicos para controlar a tentação, na sexta-feira (21/01), estive, infelizmente, no centro, e encontrei o tio da Jaca, a bicha tava linda, mas voltei de mãos vazias.